Em busca do Poço Azul (out of the court)

#tenisparatodos

Fazendo uma pausa nas competições de Ténis, a nossa prioridade passa sempre por fazer umas caminhadas para manter a boa forma física e a escolha recai muitas vezes sobre o Gerês. Desengane-se quem pensa que vai para o Gerês relaxar, há muito para ver e descobrir e todos vão querer fazer as caminhadas que, quase sempre, terminam em locais paradisíacos com cascatas e lagos incríveis. Mentalmente sim, é muito tranquilo e purifica-nos a alma, fisicamente é muito exigente chegando sempre ao final do dia exaustos.
Como aventureiros que somos, e tão pouco experientes em caminhadas, não planeamos nada, apenas fomos lendo aqui e ali os locais que gostaríamos de visitar e como lá chegar (testemunhos dados por caminhantes como nós que no meio do nada não conseguem distinguir uma pedra de uma casa).
Aquele dia estava designado para descobrir o famoso Poço Azul, aquele que todos falavam que era difícil de encontrar, muitos desistem nessa procura, mas nós não. Nós pertenceríamos ao restrito grupo dos que encontram esta maravilha! Sim, "estudamos" o percurso, e seguimos todas, ou quase todas as indicações que lemos, algumas contraditórias mas que nós resolveríamos facilmente na hora H.
 
Primeira etapa - Ir de carro até à Cascata do Arado, fazendo o restante percurso a pé. Foi na Cascata do Arado que começamos a abastecer as nossas mochilas com água, muita fruta, chocolates, etc...e iniciamos a aventura. Seguindo pela estrada em terra batida passamos pela Fonte das Letras, onde paramos para refrescar, e o percurso ainda agora tinha começado. Muito característico desta rota é o aparecimento de várias fontes, das quais podemos beber água e refrescar-nos.


Início do percurso em terra batida

Primeira fonte encontrada, Fonte das Letras 
 
Segunda etapa - Seguir o PR14 até chegar a um largo com uma casa (sim, alguém construiu uma casa no meio do nada). Sabíamos que tínhamos que seguir o PR14 até certo ponto, mas não sabíamos que era até à casa e, assim que vimos um tractor e uma estrada em obras não exitamos em sair do PR e começar a subir, sem sentido para lado nenhum. Após meia hora de subir estradas inacabadas, e sem avistar casa nenhuma, resolvemos voltar atrás e integrar novamente o PR14.

Fonte do Curral em Malhadoura

Percurso até à casa isolada
 
Terceira etapa - Seguir pela esquerda da casa por caminhos de pastores e subir até ao cume da montanha. Foi nesta altura que começamos a perceber que talvez não fosse má ideia levar uma mapa e uma bússola, mas mantivemos a esperança que no meio do nada houvesse rede de telemóvel para nos orientar. Baseados em informações super credíveis passamos alguns minutos a interpretar "virar na Tribela à direita": havendo uma placa que diz Tribela, e três caminhos possíveis, a direita significa...direita?! Dúvidas existenciais de quem gosta de complicar. Optamos por continuar pelo PR14, o caminho mais à direita.

Tribela

A paisagem era muito bonita, o caminho bastante acidentado e descer tanto não fazia sentido, quando o objectivo era chegar ao cume. Com alguma rede procuramos onde iria ter o PR14: cascatas do Tahiti, um percurso muito difícil e alguém referia nas opiniões "com perigo de morte". Não era de todo esta direcção a tomar, voltamos para trás e seguimos pela esquerda da Tribela (é sempre bom confiar nas informações da internet) até encontrar um casal que vinha do Poço Azul e que nos disseram que ainda faltava um bocado. Mais aliviados porque estávamos no caminho certo, ainda nos indagamos porque o casal já vinha embora tão cedo.
 
Quarta etapa - Seguir os caminhos dos pastores até ao cume onde está uma casa de abrigo. Certos que não nos enganaríamos mais até ao Poço Azul, fomos aproveitando as magníficas paisagens, passamos por uma ponte sobre o rio Conho até chegar à suposta casa de abrigo.

Vista da ponte sobre o Rio Conho
Caminho até ao cume
 

Para ter a certeza que este era o caminho perguntamos a um casal que por lá almoçava se aquela era a casa de abrigo que procurávamos. Disseram que não e para chegar ao poço teríamos que subir pelo carreirinho seguindo as mariolas (pedras sobrepostas umas em cima das outras a "orientar" caminhos que normalmente terminam em algo fantástico).


Ao final de 4h de caminhada qualquer pedra nos parece uma mariola e qualquer monte de ervas é um carreirinho, pelo que, seguindo as orientações continuamos a subir até ao cume (cume significa que não há mais nada para subir). Havia algum poço? Não! Havia sim muitas arranhadelas, pernas em sangue, cansaço...iríamos desistir, e pertenceríamos ao grupo dos que procuram e não encontram, teríamos que viver com isso!  Prestes a desistir, um de nós lembrou-se que tinha visto mais abaixo (antes de subir até ao cume) uma mariola gigante, poderia significar algo. Mais uma vez, tínhamos sido induzidos em erro: quando nos dizem para subir o carreirinho significa para seguirmos para norte, não é para subir no sentido literal da palavra. Obrigado Língua Portuguesa! O carreirinho era realmente pela mariola gigante e aquela era mesmo a casa de abrigo procurada.

Chegada à casa de abrigo
 
Quinta etapa - Seguir pelo carreirinho que acompanha o rio Conho directo ao Poço Azul. A partir da mariola gigante não há possibilidade de engano e após CINCO horas de procura lá chegamos ao destino.

Chegada ao Poço Azul


O que não esperávamos é que naquele local paradisíaco estivessem cerca de 130 crianças/adolescentes que, por acaso já estavam de saída. Isso explicava o porquê de termos passado por 3 casais que vieram embora demasiado cedo. As CINCO horas perdidas afinal não se tornaram um desperdício de tempo, pois assim pudemos usufruir da paisagem mais tranquilamente. Ainda hoje nos questionamos como conseguiram manter 130 crianças naquele local. Não recomendamos pois o caminho é bastante estreito (qualquer distracção pode culminar em queda aparatosa) e é um local pequeno para usufruir em família (três ou quatro casais no máximo) ou em grupos pequenos de amigos.

O magnífico Poço Azul

Tempo para relaxar


 
Apesar da hora tardia ainda deu para piquenicar, dar uns mergulhos na água gelada e cristalina e abandonar o local quando o sol já se estava a esconder.

Água gelada já perto do pôr do sol


O regresso feito exatamente pelo mesmo percurso mas desta vez sem desvios, foi realizado em apenas 45 minutos (de recordar que para chegar demoramos 5 horas).

 

Aqui, descrevemos o caminho mais fácil para o Poço Azul e recomendamos a quem puder, que faça esta caminhada de aproximadamente 15 km. Vale muito a pena e é a nossa sugestão para uma pré-época desportiva, desta vez...fora do court!!!

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